A Árdua Tarefa de Verticalizar Molares Inferiores

Parte 1 - Como evitar que a prescrição Roth incline os molares para lingual
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A Árdua Tarefa de Verticalizar Molares Inferiores

Então, quer dizer que você utiliza acessórios pré-programados de prescrição Roth, correto? Eu também utilizei por anos. E entenda bem, nada contra. Acredito que o Dr. Ronald Roth quando pontencializou as prescrições do Dr. Lawrence Andrews, fez um excelente trabalho. Porém, anos se passaram e as concepções que tínhamos há alguns anos, já não se aplicam mais (ou se aplicam em casos cada vez mais específicos).

Um bom exemplo, é a quantidade de inclinação negativa imbutida no tubo do 1º molar inferior, SWA (prescrição Roth) de -30º graus, diferente de outras prescrições mais conservadoras (no que tange a inclinação dos molares) como é o caso da prescrição MBT (-20º graus) ou mesmo da técnica Bioprogressiva (-22º graus).

Na verdade, Roth acreditava que, ao inclinar intensamente as coroas dos molares inferiores para lingual, as suas raízes se deslocariam para vestibular, ou seja, para próximo da cortical óssea externa da mandíbula, ancorando estes elementos em casos onde as eventuais retrações anteriores fossem necessárias.

De fato, isto ocorre, mas por outro lado, o excesso de inclinação lingual também pode prejudicar a intercuspidação da região posterior, aumentar o trauma oclusal e levar a perda da estética do arco inferior, dependendo das inclinações iniciais destes dentes.

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Desta forma, não é raro as situações de baixa ou média complexidade que terminam com os molares inferiores muito ligualizados e fora da linha das cúspides dos dentes, sobretudo quando o ortodontista, desavisadamente, não inclui os 2º molares na mecânica.

Como evitar?

Existem várias formas de se evitar este problema. A primeira e mais eficiente é também a mais intuitiva e mais negligenciada por boa parte dos ortodontistas: A inclusão dos 2º molares na mecânica ortodôntica. Estes elementos dentários são naturalmente mais ancorados que os 1º molares, devido as posições de suas raízes estarem mais próximas de regiões corticalizadas da mandíbula. Assim, quando estendemos o fio ortodôntico até estes dentes, evitamos que os 1º molares inferiores tornem-se os extremos do arco e fiquem, consequentemente mais susceptíveis ao excesso de inclinação imbutido em seus tubos.

A segunda forma, é justamente utilizar prescrições que permitam que os molares inferiores terminem mais verticalizados, como citado acima. Você ainda poderá mesclar prescrições, dependendo de seus objetivos para o caso clínico, ou seja, utilizar a prescrição Roth trocando os tubos dos molares inferiores por prescrições com inclinações mais suaves, como é o caso dos tubos da prescrição MBT.

Particularmente, eu gosto bastante de utilizar os braquetes de incisivos centrais edgewise soldados nas bandas dos 1º molares inferiores. Desta forma, estes elementos terminarão verticalizados, ou seja, com inclinações próximas a 0º graus.

Uma outra vantagem é que, quando utilizamos um braquete em detrimento de um tubo, permitimos que o fio ortodôntico seja inserido por vestibular e não no sentido mésio-distal. Assim, podemos facilmente, incluir torções ou dobras no arco para ajustar melhor as posições dos 1º e dos 2º molares.

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A terceira forma é a incorporação de torque vestibular resistente nas coroas dos molares inferiores nas fases finais do alinhamento e nivelamento. Contrapor a tendência à inclinação para lingual através de torques é uma das formas mais antigas e salutares de se coordenar adequadamente os arcos, no sentido transversal.

Por outro lado, vale ressaltar que a introdução de um fio 0.019X0.025" de aço dentro de um tubo não é uma missão fácil, e talvez o uso de braquetes edgewise no lugar de tubos (com descrito acima) poderá tornar seu trabalho mais fácil.

Por fim, você ainda poderá lançar mão de ancoragens específicas para o arco inferior (como é o caso de uma barra lingual), no momento da instalação de fios retangulares, em seu paciente.

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Giovanni de Carvalho

MSc. Orthodontics

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