Como Fazer um Laceback e uma Dobra Distal

Aprenda a executar ancoragens sagitais e impedir a proclinação dos dentes anteriores
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Segundo os autores McLaughlin e Bennett (1989), a principal dificuldade observada com a transição do aparelho do arco de canto para o aparelho pré-ajustado foi a maior tendência dos dentes anteriores em se inclinarem para vestibular. Isto ocorreu devido à maior angulação embutida nos bráquetes dos dentes anteriores, e foi mais pronunciada nos dentes superiores.

Após alguns anos de experiência com a técnica do arco contínuo, McLaughlin, Bennett e Trevisi (1997), fundamentando-se na redução dos níveis de força, introduziram algumas modificações na prescrição dos aparelhos pré- ajustados existentes até aquele momento e sugeriram mudanças na mecânica utilizada com este tipo de aparelho.

Este conjunto de inovações ficou conhecido como técnica MBT.

Nesta técnica, a fase de nivelamento, entre outras características, incluiu a utilização de arcos de níquel-titânio termoativados, o uso de amarrilhos distais (lacebacks) para controlar a retração dos caninos e o uso de dobras distais nos arcos (bendbacks) para controlar a tendência de movimento anterior dos incisivos.

O Início

(tentativas de se impedir a vestibularização dos dentes anteriores)

O uso de forças elásticas, conectando os segmentos anterior e posteriores para prevenir essa inclinação indesejada (dos dentes anteriores para vestibular), aumentou a demanda de controle de ancoragem, além de inclinar e rotar os dentes anteriores para distal, aumentar a curva de Spee e aprofundar a mordida.

A solução proposta por outros clínicos foi a introdução de torque extra nos bráquetes dos incisivos e características anti-rotação e anti-inclinação nos bráquetes dos caninos, pré-molares e molares. Braços de força também foram adicionados a alguns bráquetes para aproximar a força do centro de resistência dos dentes.

Os autores, no entanto, optaram pela substituição da força elástica por amarrilhos distais (lacebacks), desde os tubos dos molares mais distalmente bandados até os bráquetes dos caninos nos quatro quadrantes.

O propósito inicial dos amarrilhos distais foi prevenir a inclinação anterior dos caninos. Esse método se mostrou efetivo para a distalização inicial dos caninos, sem causar sua inclinação indesejada.

Os autores recomendaram, também, a dobra do arco na distal do molar mais distalmente bandado (bendback) para minimizar a inclinação anterior dos incisivos.

Em 1989, Robinson investigou o efeito dos lacebacks em 57 casos tratados com extrações de pré-molares. Aproximadamente metade dos pacientes foi tratada sem lacebacks e a outra metade foi tratada com lacebacks com o propósito de prevenir a inclinação anterior dos caninos.

No grupo sem laceback, houve uma vestibularização de 1,4mm dos incisivos inferiores e mesialização de 1,53mm dos molares inferiores. No grupo com laceback, ocorreu um movimento lingual dos incisivos inferiores de 1,0mm e mesial dos molares inferiores de 1,76mm.

O autor observou também que, quando necessário, o laceback é um método efetivo de distalização dos caninos, sem provocar inclinações indesejadas.

Desta forma, lacebacks e dobras distais são utilizados hoje, como excelentes métodos de ancoragem sagital no início do alinhamento e nivelamento dos arcos, em situações onde a proclinação dos incisivos é indesejável.

Devem, na maior parte das vezes, serem utilizados conjuntamente e não são recomendadas em situações onde se deseja evitar movimentos verticais dos elementos dentários associados a este tipo de conjugado, pois não são efetivos neste sentido.


Como Fazer um Laceback

A nomenclatura laceback refere-se a um conjugado posterior que parte do último molar envolvido na mecânica até o dente canino, feito com o fio 0,025" mm de espessura.

Primeiramente, é necessário cortar um segmento de fio com duas vezes o tamanho da distância entre o molar e o canino. Una as pontas deste segmento e segure-as através de um instrumental Mathieu.

Em seguida, com o fio de aço (em formato de laço) abrace apenas o gancho do 1º (ou 2º) molar.

OBS. Mantenha a mão que segura o Mathieu sempre distante e tracionando o fio, para que o mesmo fique sempre distendido.

Faça um movimento de ziguezague e passe o fio de amarrilho por trás das aletas dos dentes adjacentes (pré-molares e canino). Assim, o fio ficará com um aspecto trançado ao redor dos acessórios ortodônticos.

OBS. Instale sempre o laceback antes de inserir o fio de alinhamento, ou seja, por baixo do fio do alinhamento.

Ao passar o fio metálico pelo canino, torça-o até criar um pequeno nó na face mesial do braquete deste elemento dentário. Corte o excesso de fio e embuta a ponta residual em direção a coroa do dente.

OBS. A ponta em excesso deverá ficar próxima da coroa do canino, exatamente no centro do dente. Evite dobrá-la para cima ou para baixo para evitar que, acidentalmente, o paciente acabe virando esta ponta para os tecidos moles, no momento da escovação dentária.


Como Fazer uma Dobra Distal

A dobra distal é ainda mais simples de ser executada. Ao contrário do laceback, esta dobra de 2º ordem deverá ser executada no próprio fio de alinhamento, aquecendo (queimando) a sobra de fio na região distal do último molar incluído na mecânica ortodôntica.

OBS. A queima da ponta do fio poderá ser dispensável em situações onde seja necessário o uso de dobras distais em fios de aço inoxidável.

Após este procedimento, instale o fio de alinhamento e nivelamento em todos os dentes e dobre a ponta do fio (de NiTi ou aço) na distal do tubo do último dente envolvido na mecância ortodôntica com um instrumental Sputnik. Esta dobra deverá ser feita girando o instrumental em direção a coroa do dente ou para cervical.

OBS. Lembre-se de deixar a dobra bem próxima (bem justa) a distal do molar, para evitar perda de ancoragem.


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Sobre o autor:

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MSc. Giovanni de Carvalho

Nosso C.E.O possui graduação em Odontologia pela Fundação Universidade de Itaúna (2002), pós graduação em Ortodontia, Implantodontia e Cirurgia Oral Menor, especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial, mestrado em Ortodontia pela Faculdade Ingá - Maringá/PR e doutorando em Ciências Biomédicas (ênfase em Ortodontia) - Instituto Italiano Universitário de Rosário (ARG).

Foi Professor e Sub-coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da Ortoprev / São Leopoldo Mandic - Ipatinga. Atualmente é coordenador e professor dos cursos de especialização do Centro de Estudos e Tratamento da Odontologia (CETRO/BH).

Foi o idealizador e proprietário da plataforma de ensino Cetro Online. Proprietário de Consultório Particular, colaborador científico dos braquetes Infinity, palestrante e autor de diversos artigos.

É membro atuante do conselho editorial da revista científica Journal of Oral Health and Dental Care. Idealizador, proprietário e produtor de conteúdo da plataforma de ensino Manhattan - Consultoria de Casos Clínicos.

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